sexta-feira, 4 de abril de 2008

A secularização em Carl Schmitt - Giorgio Agamben

Para Carl Schmitt, "Todos os conceitos decisivos da teoria do Estado moderna são conceitos teológicos secularizados. Não somente de acordo com seu desenvolvimento histórico, porque ele foi transferido da teologia para a teoria do Estado, à medida que o Deus onipotente tornou-se o legislador onipotente, mas, também, na sua estrutura sistemática, cujo conhecimento é necessário para uma análise sociológica desses conceitos” (Teologia Política, p. 35).

Segundo Giorgio Agamben, "A estratégia de Schmitt é, em um certo sentido, inversa em relação àquela de Weber. Enquanto, para este, a secularização era um aspecto do processo de crescente desencantamento e desteologização do mundo moderno, em Schmitt ela mostra, ao contrário, que a teologia continua a encontrar-se presente e a agir no mundo moderno de modo eminente. Isto não implica necessariamente uma identidade de substância entre a teologia e o moderno, nem uma perfeita identidade de significado entre os conceitos teológicos e os conceitos políticos; trata-se, antes, de uma relação estratégica particular, que marca os conceitos políticos, restituindo-os à sua origem teológica [...] A secularização é, então, não um conceito, mas uma assinatura no sentido de Foucault e Malandri, isto é, algo que, em uma acepção ou em um conceito, o marca e o excede para restituí-lo a uma determinada interpretação ou a um determinado âmbito, sem, no entanto, abandonar o semiótico para constituir um novo significado ou um novo conceito. A assinatura deslocando e mudando os conceitos e signos de uma esfera a outra (neste caso, do sacro ao profano, e vice-versa) sem redefini-lo semanticamente [...] A secularização age, neste sentido, no sistema conceitual do moderno como uma assinatura que o restitui à teologia. Como, segundo o direito canônico, o sacerdote secularizado devia portar um sinal da ordem a que pertencia, assim o conceito secularizado exibe como uma assinatura o seu pertencimento à esfera teológica” (Il regno e la gloria: per una genealogia teologica dell'economia e del governo (Homo Sacer 2.2), Vicenza: Neri Pozza, 2007, pp. 15-16, trad. Marcus Vinícius Xavier de Oliveira).

Um comentário:

Anônimo disse...

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