quarta-feira, 24 de junho de 2009

Lecciones de Ismail Kadaré


"La dictatura y la verdadera literatura sólo pueden cohabitar de una forma: devorándose día y noche una a outra".

"Homero fue el primer autor que se ocupó de dar cuenta del horror de un conflicto que enfrenta a su propio país con otro. Y lo hizo con una imparcialidad absoluta. Fue ése su mayor logro y lo que convierte sus obras en textos radicalmente modernos. Su libertad, su independencia a la hora de dar cuenta del drama. En realidad, Homero sigue siendo para muchos un autor incomprensible porque la suya no es la lógica que sirvió después para tratar de las guerras, la lógica de la victoria y de la derrota. Lo que él contó estaba más allá de todo eso, no le importaba tanto la victoria total, ni la derrota total".

Me siento decepcionado pero no como el resto del mundo. Porque no me esperaba algo tan maravilloso como la gente, por lo general, se esperaba. Los pobres han tenido una desilusión total porque, cuando la libertad es un sueño, es muy bella, muy hermosa. Mientras que todo el mundo sabe que la realidad poscomunista no era tan hermosa como se pensaba. La gente se ha vuelto más realista, se puede decir que el periodo de desilusión ya ha pasado. Ha comprendido que es necesario trabajar para construir la vida, no basta con tener la libertad. Es una máquina en ocasiones muy difícil de mantener".

sexta-feira, 19 de junho de 2009

A menina e a Soberba de Ser Anjo


[Lygia Fagundes Telles. Retrato de Flávio de Carvalho]

[...] Eu era anjo de procissão. Eu tinha minha bata branca e ia na frente com as asas brancas. Eu me lembro que o meu primeiro sentimento de soberba foi esse. O primeiro sentimento de soberba é que eu descobri que minhas asas eram feitas de penas mesmo, penas verdadeiras e dos outros anjos eram de papel crepom. Meu primeiro sentimento de soberba é que minhas asas eram verdadeiras. Primeiro sentimento soberbo. [...] (Lygia Fagundes Telles)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

CORPO - GIORGIO AGAMBEN

CORPO

Giorgio Agamben

Ingressamos na câmara de reanimação na qual jaz o corpo de Karen Quinlan ou aquele do além-colmatoso ou do neomorto à espera da retirada dos órgãos. A vida biológica, que a máquina mantem funcionando ventilando os pulmões, bombando o sangue nas artérias e regulando a temperatura do corpo, está aqui integralmente separada da forma de vida que tinha o nome de Karen Quinlan: ela é (ou, pelo menos assim parece ser) pura zoé (...). O corpo de Karen Quinlan é, verdadeiramente, somente uma anatomia em movimento, um conjunto de funções cujo fim não é mais a vida de um organismo (...). O corpo de Karen Quinlan, que flutua entre a vida e a morte segundo o progresso da medicina e a variação das decisões jurídicas, é um ser de direito não menos que um ser biológico. Um direito que pretende decidir sobre a vida, amarra o corpo numa vida que coincide com a morte. (Tradução Marcus Vinícius Xavier de Oliveira, 17 de junho de 2009).

CORPO

Repubblica — 17 febbraio 2009 pagina 32 sezione: DIARIO

Entriamo nella camera di rianimazione in cui giace il corpo di Karen Quinlan o quello dell' oltrecomatoso o del neomort in attesa di prelievo degli organi. La vita biologica, che le macchine mantengono in funzione ventilando i polmoni, pompando il sangue nelle arterie e regolando la temperatura del corpo, è stata qui integralmente separata dalla forma di vita che aveva nome Karen Quinlan: essa è (o, almeno, così sembra essere) pura zoé (...). Il corpo di Karen Quinlan è veramente soltanto una anatomia in movimento, un insieme di funzioni il cui scopo non è più la vita di un organismo (...). Il corpo di Karen Quinlan, che fluttua tra la vita e la morte secondo il progresso della medicina e il variare delle decisioni giuridiche, è un essere di diritto non meno che un essere biologico. Un diritto che pretende di decidere sulla vita, prende corpo in una vita che coincide con la morte. - GIORGIO AGAMBEN

terça-feira, 9 de junho de 2009

Instinto do Mal

Um mestre judeu chamado Naftali de Ropshitz um dia repreendeu o filho de dez anos:

- Isso não está bom! O que faz não está nada bom!

- Não possa fazer nada - respondeu o menino. - Foi o instinto do mal que me possuiu! Ele é mais forte do que eu!

- Está bem, justamente - disse-lhe o pai. - Tome o exemplo desse instinto do mal: ele pelo menos faz bem o seu trabalho!

- É verdade - disse-lhe então o menino -, mas ele não está submetido a um instinto do mal que o obriga a fazer o bem!


CARRIÉRE, Jean-Claude. Contos filosóficos do mundo inteiro, São Paulo: Ediouro, 2008, p. 136.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Catherine Deneuve

Duas imagens de uma beleza única...







A prudência em Tomás de Aquino

17. Prudência:

A rainha das virtudes, para S. Tomás, é a prudência. Realmente, é ela que regula o exercício de todas as outras, que, sem ela, não chegam a ser virtudes, porque não produzem frutos bons. O esforço do imprudente para o bem não passa de zelo intempestivo; pode ser meritório, mas é inútil ou prejudicial.

A palavra prudência não tem, para S. Tomás, a vaga tonalidade de receio que lhe dá a linguagem vulgar. A prudência é a virtude que nos ensina a proporcionar os meios aos fins. Pode aconselhar-nos a ser destemidos como a ser cautelosos, a intervir ou a não intervir, conforme as circunstâncias.

S. Tomás compara a prudência a uma arte, e, pela definição que dá, faz dela a arte de bem proceder. De fato, a prudência tem todos os caracteres duma arte. Não lhe bastam conhecimentos teóricos; é preciso saber aplicá-los aos casos que se apresentam, saber atender, com equilíbrio, a todas as condições, mesmo, e talvez principalmente, às que não se podem pôr em equação. Como a arte, como o bom gosto, que é uma arte, a prudência sabe pesar todos os elementos que influem no caso particular que estuda, avaliá-los pelo seu justo valor, e utilizá-los para a aplicação da regra geral que interessa ao caso.

Como vícios contrários à prudência, podem apontar-se a imprudência propriamente dita, a negligência, e as falsas prudências que põem a inteligência ao serviço, não do nosso verdadeiro fim, mas de qualquer bem sensível armado, injustificavelmente, em fim último.

DE BARROS, Manuel Correia. Lições de Filosofia Tomista, 2 ed., Porto: Livraria Figueirinhas, 1966.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Da inércia à paralisia...

Quero retornar ao ponto inicial em que tudo me parecia novo e instigante... Escrever, quem sabe, algo relevante.

Ocorre que minha potência de sim e de não se transformou, no ato, em inércia, e da inércia sobreveio a paralisia. Nada mais me parece novo e instigante... E o fazer algo relevante se converteu na admissão, pronta e acabada, de pretender a irrelevância.

Que fazer?

Quem sabe retornar ao ponto de início... Ou permanecer na inércia...

Não sei...