quarta-feira, 3 de junho de 2009

A prudência em Tomás de Aquino

17. Prudência:

A rainha das virtudes, para S. Tomás, é a prudência. Realmente, é ela que regula o exercício de todas as outras, que, sem ela, não chegam a ser virtudes, porque não produzem frutos bons. O esforço do imprudente para o bem não passa de zelo intempestivo; pode ser meritório, mas é inútil ou prejudicial.

A palavra prudência não tem, para S. Tomás, a vaga tonalidade de receio que lhe dá a linguagem vulgar. A prudência é a virtude que nos ensina a proporcionar os meios aos fins. Pode aconselhar-nos a ser destemidos como a ser cautelosos, a intervir ou a não intervir, conforme as circunstâncias.

S. Tomás compara a prudência a uma arte, e, pela definição que dá, faz dela a arte de bem proceder. De fato, a prudência tem todos os caracteres duma arte. Não lhe bastam conhecimentos teóricos; é preciso saber aplicá-los aos casos que se apresentam, saber atender, com equilíbrio, a todas as condições, mesmo, e talvez principalmente, às que não se podem pôr em equação. Como a arte, como o bom gosto, que é uma arte, a prudência sabe pesar todos os elementos que influem no caso particular que estuda, avaliá-los pelo seu justo valor, e utilizá-los para a aplicação da regra geral que interessa ao caso.

Como vícios contrários à prudência, podem apontar-se a imprudência propriamente dita, a negligência, e as falsas prudências que põem a inteligência ao serviço, não do nosso verdadeiro fim, mas de qualquer bem sensível armado, injustificavelmente, em fim último.

DE BARROS, Manuel Correia. Lições de Filosofia Tomista, 2 ed., Porto: Livraria Figueirinhas, 1966.

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