segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Marechal de Campo - Modest Mussorgsky

Modest Mussorgsky nos chega no Brasil geralmente por duas de suas obras mais conhecidas: Quadros de Uma Exposição e Uma Noite em Monte Calvo. Contudo, são pouco conhecidas as suas Canções e Danças da Morte, composta por 4 lieder compostas no modo da música sacra eslava, na qual se destaca, sem dúvida nenhuma, o Marechal de Campo, cuja letra segue abaixo. A obra é composta ainda pelos lieder Canção de Embalar, Serenata e Trepak (Canção Russa).


Marechal de Campo

A batalha irrompe, as espadas estão flamejantes,
Como bestas esfomeadas, os canhões bramem;
Os cavalos relincham, os esquadrões galopam,
A corrente corre carmesim, tingida de sangue coagulado.
O sol ardente do meio dia vê a carnificina
E ainda ao pôr do sol o combate persiste.
Os últimos raios desaparecem, ainda inflexível
O inimigo mantém uma obstinada fronte.
Então cai a noite sobre o massacre,
E ao crepúsculo todos dispersam.

O silêncio reina e só a escuridão ouve
Os gritos dos feridos dirigidos ao Céu.
Olhem, ali, onde se projetam lívidos os raios da Lua,
Escarranchado num cavalo pálido,

Cavalga um guerreiro lívido e terrível, cujo nome
É a morte. Ali na escuridão,

Ele ouve as suas lamentosas queixas:
Examina o horrível campo com orgulho,
Move-se como um líder triunfante

sobre o cenário de glória e dor.

Depois sobe um outeiro,

Olha fixamente, à volta dele, para os mortos e
moribundos inflexivelmente sorrindo...
E então sobre o agitado campo de massacre
Ressoa ríspida e clara a sua voz:

“Cessem o combate agora! A vitória é minha!
Vós guerreiros, todos, é à Morte que cederam!
Inimigos durante a vida, eu venho fazer de vós amigos!
Levantai-vos, respondei à chamada da Morte!
Entrai nas minhas fileiras! Desfilai perante o vosso líder!
Antes do alvorecer eu devo passar revista aos meus homens.
Soldados, os vossos ossos repousarão no seio da terra,
Doce é o descanso que se segue ao combate!
Os anos passarão por vós não contados, despercebidos,
Os homens esquecerão a causa por que hoje vos batestes.
Só eu, a Morte, recordarei o vosso valor,
E honrarei a vossa memória quando a meia-noite bater!
Sobre estas trincheiras eu dançarei ao luar,
Eu pisarei a terra onde os vossos membros descansam,
Pisarei tão perto que os vossos ossos nunca mais se moverão,
Nunca mais regressareis à terra".

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